28 de jun. de 2008

A prosa dele com ele 2

Ele já estava enjoado das putas da Augusta. Estava com nojo delas. No fundo, acho que ele sempre teve. Já havia cansado de toda aquela perversão. No fundo, acho que ele nunca gostou. Gozar na cara delas já não tinha mais a mesma graça. No fundo, acho que ele nunca viu tanta graça assim. Certa vez, a dona do quarto que ele alugava na Pamplona perguntou como um rapazinho tão distinto gastava tanto dinheiro com puta. "Não é possível que você não consegue arrumar uma namoradinha. Você é um rapaz bonito, simpático... Por que perder tempo com essa gente?" - ela comentou. No outro dia, ele pegou suas coisas e foi procurar outro lugar pra morar. Há cinco anos, depois de ter tomado o maior tombo da sua existência, ele prometeu a si mesmo que nunca mais deixaria ninguém se intrometer em sua vida.

Repentinamente, veio à tona cada segundo do seu ano. E olha que o ano já estava na metade e muita coisa tinha acontecido e desacontecido. Logo em seguida, flashs de toda a sua vida apareciam len-ta-men-te, depois rapidamente, depois len-ta-men-te de novo e rapidamente... Naquele momento, ele visualizou o seu futuro e não gostou muito do que viu. Ou talvez, tenha gostado, não sei. A confusão naquele quarto estava tão concreta quanto sua cama e o armário. Sua ânsia por auto-afirmação era tamanha que ele evitava se ver no espelho enquanto não se convencesse de que era bom o suficiente pro que o esperava lá fora.

Era domingo e ele havia tirado o dia pra decidir o que queria fazer da vida. Decidiu que, antes de qualquer coisa, ele passaria a ser a sua maior prioridade. Ele havia decidido, finalmente, deixar de ser coadjuvante para ser o protagonista do seu filme (não me lembro onde vi essa citação, mas acho que se encaixa perfeitamente aqui). No mesmo instante, lembrou de tudo que já havia priorizado antes. A maioria daquelas coisas não fazia o menor sentido agora. A maioria daquelas pessoas, ele nunca mais viu e, talvez, nunca mais verá. Sentiu uma leve vergonha por ter se entregado tanto, por ter sido tão omisso, ter sido tão emocional e nada racional. Quanto disparate! Perdera muito tempo gostando de pessoas não gostáveis, conhecendo pessoas não conhecíveis e se relacionando com pessoas não relacionáveis. Mas será? Não seria muita prepotência achar que o problema sempre está nos outros? Talvez seja muita pretensão, mas ele acreditava, invariavelmente, que a culpa jamais foi dele. Pelo menos isso ele ainda tinha de sobra. Ninguém jamais conseguiu convencê-lo de que foi ele o responsável por cada fato marcado, por cada momento marcante, por cada segundo cortante...

5 comentários:

Leo Curcino disse...

Prosa nao é laaa o meu forte, mas anda me empolgando. Vou escrever de vez em quando!

:)

Anônimo disse...

'Perdera muito tempo gostando de pessoas não gostáveis, conhecendo pessoas não conhecíveis e se relacionando com pessoas não relacionáveis.'

=T

Pilar Bu disse...

definitivamente a melhor coisa que vc escreveu!
persista
é porrada. poeticamente porrada

˙·٠•● ѕεறிoτιvo ◦ disse...

Gostei sim da rosa. O pensamento reina aqui. O grande problema do ser humano em geral é não querer assumir seus erros.
Deixou de ser coadjuvante para ser protagpnista... tinha escrito isso lá no semotivo.
Gostei da prosa, posta aí que eu lerei daqui. ^^
Abraço

ray

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