9 de jan. de 2020

Austeridade

Aproveitei o ano novo para te escrever novos versos
Nem que seja apenas para reiterar mais do mesmo
É que eu sou melhor com as palavras planejadas

No improviso, as vezes eu erro o tom, o jeito, o tempo,
Erro até mesmo a frase toda ou cometo excessos literários,
No calor da emoção, eu fico todo torto, me desespero

Nem sempre consigo conter esse turbilhão de sensações
É medo de falhar, de ser esquecido, de te fazer mal, enfim
Por isso escrevo assim, sem rima, sem ritmo, apertado
Que é como o coração ficou quando você partiu daqui

Mas eu sei que você precisa ir cuidar do teu reino
Eu sei das suas batalhas, eu conheço as suas lutas
Queria eu conseguir ser âncora para todos os ventos
Mesmo de longe e mais ainda quando perto

E que pena que fico bem menos perto do que longe
Que a saga do tempo me permita mudar essa rotina
Mais campainhas tocando, menos quilômetros de distância
Mais "pode subir" ou "fica" e menos check-ins de voos

E eis que você decide ficar e até minha rima volta
Mais rápido que rede wi-fi o seu riso bate a porta,
Porque fazer sorrir é tipo magia, é quase um dom,
Cada suspiro flui no ritmo da velocidade do som

Quando entendi que não era fugaz, confesso que hesitei,
Sempre soube que seria áspero, hoje em dia, nem sei
Mas evitar algo tão precioso seria imensa covardia
Cada dia mais, sinto que achar você foi ganhar na loteria.