28 de dez. de 2008

Será?


Exercícios

Eram 3 da manhã quando sentou-se ao meu lado
Não importa o que havia acontecido antes
A multidão dançava e bebia e eu espiava tudo dali
Sentei e fiquei só flertando com a cerveja
Já era a quinta ou sexta, sei lá, nem contei...
Vez ou outra, olhava meio de lado e esperava
Qualquer gesto que implicasse um sim ou talvez
Vai ser agora? Não! Não dessa vez! Só impressão!
Levantou-se, meu coração acelerou, e agora?
Vai encontrar alguém? Vai embora? Não ainda! Volta!
Tinha saído do meu campo de visão. Já era! Se foi!
Pensei em me levantar, procurar, mas não. Melhor não!
Acho que é hora de ir embora, a noite acaba aqui!



De repente, voltou segurando uma bebida qualquer
Sentou-se e meu coração, de novo, acelerou
Vi que me olhou por alguns segundos, mas nada
Nenhum sinal de empolgação, nada, absolutamente nada
Bebeu mais uns 2 goles daquela bebida verde com gelo,
Olhou pra mim novamente, semblante sereno, sorriu,
Sorriso meio sem graça, mas já era um sinal. Ou não?
Eu estava me sentindo linda naquele vestido azul
Laço no cabelo, maquiagem leve, bolsa combinando
Não é possível que ele não tenha me notado
Outros vieram flertar comigo, mas não! Não quis!
Um minuto de relutância, dois de afasia...

Ah... Ele nem era tão bonito assim!
Não era alto, nem forte, nem estiloso ele era!
Mexeu nos cabelos, coçou de leve a barba e o nariz,
Bebeu mais 2 goles, me olhou e ameaçou puxar assunto...
Como eu estava fingindo não ver, ele recuou
Vi que pensou em se levantar, mas desistiu
Ah... Ele me queria! Quase certeza que queria!
Tirou o celular do bolso e ameaçou ligar pra alguém
Começou a escrever uma mensagem, parou,
Guardou o celular no bolso, pegou de volta,
Voltou a escrever uma mensagem, me olhou,
Respirou fundo, se aproximou meio sem jeito:
"Perdão... Queria que visse algo." - me disse
Em seguida, veio me entregando o celular
"Essa mensagem eu vou mandar pra vc,
quando me der o seu telefone."

Sorri um sorriso de canto de boca
É... Era mesmo ele! Eu não estava enganada!

11 de dez. de 2008

Café diário

Açúcar

Eu sou agora um pouco mais

Que os restos não vividos de ontem
E amanhã serei um tanto mais

Do que as verdades que escondi,
As bromélias que eu vi,

E a cerveja que matei no bar


O placebo que tomei pra me curar

Só solfejou meu trabalho diário
Não valeu a pena o copo d'água
Não valeu o tempo da degustação

Ainda descubro a cura para todo mal
Ainda farei da sorte subterfúgio

Mas quer saber? Já passou!

Já me esquivei da quina
Já virei a página


Agora, ando meio erótico, meio bucólico,
Buscando a distração à noite toda
Esperando pelo bis de amanhã... E que venha!

Gondry que me perdoe, mas eu

Rebobinei minha mente sem lembranças
Sem direito a stop ou replay
Sem direito a regravação de cena
E as lembranças poucas que me restaram
É um quiprocó do óbvio
Que Deus me livre e guarde!


Eu quero partilhar meu vinho,
Minha foto estampada, um nome bobinho,
Eu quero um abraço no refrão
Eu quero o colo e um pouco mais
Uma xícara de açúcar, meia colher de chá.