31 de out. de 2019

Volta

Assim que tranquei a porta e saí da pousada na Rua Mangaba,
Senti meu peito mais turvo e gelado que a Cachoeira do Segredo
Como se meu coração tivesse ficado para trás, em alguma trilha,
Em alguma estrada, na risoteria de ontem ou na noite estrelada

A cada degrau que eu descia com a mala, mais longe eu ficava
Mais xoxo, menos sereno, mais o peito outrora radiante apertava
Como eu posso ir agora, se a gente ainda nem subiu na torre de lá?
Aliás, ainda há tanto lugar pra gente subir e tanto para se explorar

Entrei no carro querendo emanar boas energias de todos os cristais,
De todos os bons espíritos, os bons ventos, todos os santos e orixás
Se até a lua tem fases e fica minguante só para as estrelas luzirem mais,
Eu prefiro acreditar que logo a gente espanta esses infernos astrais

Escolho lembrar de você flutuando nas águas cristalinas de Santa Bárbara
Do restaurante da volta, do seu gozo, o bolo de chocolate, o pão de abóbora,
Dos desejos de voltar em breve, de ganhar na sena e ter uma chácara
Eu escolho confiar que logo volta a soar o seu canto e o seu riso

Enquanto esse dia não chega, toca aí a playlist que eu fiz pra você.

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